Socioambiental

Desastre em Mariana é tema de livro que revela a luta por reparação das comunidades afetadas

Gabriela de Paula Marcurio lança "A máquina do terror", que investiga a luta da comunidade de Paracatu de Baixo por reparação após o desastre da barragem de Mariana, evidenciando a precariedade do processo.

Atualizado em
June 23, 2025
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Obra apoiada pela FAPESP analisa esforços de atingidos em busca de reparação ao longo de quase dez anos (imagem: José Cruz/Agência Brasil via WikiMedia Commons, 2017)

Gabriela de Paula Marcurio, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), lançou o livro A máquina do terror, que aborda a luta da comunidade de Paracatu de Baixo, em Mariana (MG), por reparação após o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da Samarco em 2015. O desastre, considerado um dos maiores do Brasil, afetou profundamente a vida dos moradores da região.

A obra, financiada pela FAPESP, analisa os quase dez anos de esforços da comunidade para reivindicar seus direitos. Marcurio destaca que, em sua pesquisa de campo, observou como os atingidos foram forçados a lidar com processos técnicos e jurídicos impostos pelas mineradoras, que prolongaram os danos e a precariedade da situação.

Os relatos coletados revelam a luta dos moradores para se organizar e reivindicar reparações justas. Com o apoio da Cáritas Brasileira, os atingidos aprenderam a elaborar documentos que contrastam as propostas das empresas com suas reivindicações, buscando garantir seus direitos e a memória de suas vivências.

O livro é dividido em três capítulos. O primeiro aborda o controle exercido pelas mineradoras sobre a vida dos atingidos desde o desastre. O segundo analisa a luta por reparação, enquanto o terceiro discute as implicações do desastre na noção de comunidade, com base nos relatos dos moradores de Paracatu de Baixo.

Marcurio conclui que o processo de reparação conduzido pelas empresas é precário e continua a vitimizar as comunidades afetadas. A memória, segundo a autora, se torna uma ferramenta essencial na luta por reconhecimento e justiça, ajudando a comunidade a retomar seu modo de viver.

O livro, com 240 páginas, está disponível por R$ 67,92 no site da Editora da UFSCar. A obra não apenas ilumina a luta por reparação, mas também serve como um chamado à ação para que a sociedade civil se una em apoio às vítimas, promovendo iniciativas que ajudem na recuperação e fortalecimento das comunidades afetadas.

Agência FAPESP
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