Meio Ambiente

Espécie invasora Perna viridis avança rapidamente em áreas de conservação ao longo da costa brasileira

Estudo revela a presença do mexilhão-verde (Perna viridis) em 41 locais da costa brasileira, incluindo áreas de conservação, exigindo ações urgentes de manejo e monitoramento. Pesquisadores alertam para os riscos à biodiversidade.

Atualizado em
April 25, 2025
Clock Icon
4
min
Conjunto de mexilhões da espécie Perna viridis, também conhecidos como mexilhões-verdes asiáticos. As conchas apresentam coloração esverdeada com tons marrons e estão amontoadas, formando uma superfície densa. Alguns indivíduos possuem incrustações, como cracas, indicando contato prolongado com ambientes marinhos. - Fonte: USP Imagens

A espécie asiática Perna viridis, conhecida como mexilhão-verde, tem se espalhado ao longo da costa brasileira, gerando preocupações ambientais e econômicas. Um estudo recente, publicado na Marine Biology, identificou quarenta e um registros da espécie, que é nativa do Indo-Pacífico, em várias localidades do litoral paulista, incluindo áreas de conservação. A pesquisa foi realizada por instituições como o Instituto de Pesca de São Paulo e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Os registros foram encontrados em praias e reservas ecológicas, como a Praia da Cocanha, em Caraguatatuba, e a Reserva Extrativista do Mandira, em Cananeia. A presença do mexilhão-verde em áreas ecologicamente sensíveis levanta preocupações, pois a espécie pode competir com a fauna nativa e afetar a biodiversidade local. Edison Barbieri, oceanógrafo e autor do estudo, alerta que as espécies nativas não possuem defesas contra invasores como o mexilhão-verde.

A introdução do mexilhão-verde no Brasil pode estar ligada ao transporte de larvas em água de lastro de navios e à fixação em plataformas petrolíferas. O estudo também revelou que muitos organismos foram encontrados em cordas de nylon e lixo plástico. Os pesquisadores destacam a necessidade urgente de implementar estratégias de manejo e monitoramento contínuo para prevenir a disseminação da espécie e proteger os ecossistemas costeiros.

As colônias mais densas foram observadas no estuário Cananeia-Iguape e na Praia de Aparecida, em Santos. A espécie também foi registrada em outras áreas do Estado de São Paulo e até em Bombinhas, em Santa Catarina, indicando uma possível expansão para novas regiões. A identificação dos espécimes foi feita por meio de análise morfológica, diferenciando-os da espécie nativa Perna perna.

A plataforma iNaturalist foi fundamental para a obtenção dos registros, mas a validação científica ainda depende de especialistas, já que a identificação inicial é feita por cidadãos. Barbieri ressalta a importância de um monitoramento contínuo e a necessidade de um plano de longo prazo para evitar problemas maiores. A falta de recursos para pesquisa e a ausência de políticas públicas direcionadas às bioinvasões dificultam a captação de dados sobre os impactos do mexilhão-verde na biodiversidade local.

O armazenamento de espécimes no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) é crucial para a replicabilidade dos estudos e para evitar erros de identificação. A análise genética futura pode ajudar a identificar as populações de origem dos espécimes invasores, facilitando o planejamento de ações de controle. Em situações como essa, a união da sociedade civil pode ser decisiva para apoiar iniciativas que visem a proteção dos ecossistemas e a preservação da biodiversidade.

Jornal da USP - Saúde
Quero ajudar

Leia mais

Governo libera R$ 150 milhões do Fundo Amazônia para combate a queimadas no Cerrado e Pantanal
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Governo libera R$ 150 milhões do Fundo Amazônia para combate a queimadas no Cerrado e Pantanal
News Card

O governo liberou R$ 150 milhões do Fundo Amazônia para o "Projeto Manejo Integrado do Fogo", focando no combate a queimadas no Cerrado e Pantanal, pela primeira vez fora da Amazônia Legal. A medida, aprovada pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, visa fortalecer a estrutura de combate a incêndios em seis estados, respondendo a emergências ambientais.

Brasil investe em restauração da Amazônia e busca reduzir emissões de carbono até 2030
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Brasil investe em restauração da Amazônia e busca reduzir emissões de carbono até 2030
News Card

Brasil investe R$ 150 milhões para restaurar florestas e mitigar emissões de carbono, com foco em reflorestamento e recuperação de áreas degradadas até 2030. A meta é restaurar 12 milhões de hectares, essencial para a economia de baixo carbono.

Cães se tornam aliados na aceitação de proteínas alternativas à base de insetos e carne cultivada em laboratório
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Cães se tornam aliados na aceitação de proteínas alternativas à base de insetos e carne cultivada em laboratório
News Card

Empresas estão inovando ao desenvolver ração para pets com proteínas de insetos e carne cultivada, buscando sustentabilidade, mas enfrentam resistência dos donos e dúvidas sobre eficácia nutricional.

Desmatamento da Mata Atlântica cai 14% em 2024, mas ainda atinge 71 mil hectares de florestas
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Desmatamento da Mata Atlântica cai 14% em 2024, mas ainda atinge 71 mil hectares de florestas
News Card

A degradação da Mata Atlântica caiu 14% em 2024, mas ainda assim 71.109 hectares foram desmatados, com eventos mais concentrados e maiores. O impacto ambiental continua alarmante, especialmente em áreas críticas.

Al Gore critica Donald Trump e destaca papel do Brasil na liderança climática global na COP30
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Al Gore critica Donald Trump e destaca papel do Brasil na liderança climática global na COP30
News Card

Al Gore criticou Donald Trump por mentir sobre o déficit comercial dos EUA com o Brasil e expressou confiança na liderança brasileira na COP30, apesar das dificuldades logísticas em Belém. O ex-vice-presidente destacou a importância do Brasil na luta climática global e sua capacidade de sediar a conferência com sucesso.

Fundo Amazônia destina R$ 150 milhões para combater incêndios no cerrado e pantanal pela primeira vez
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Fundo Amazônia destina R$ 150 milhões para combater incêndios no cerrado e pantanal pela primeira vez
News Card

O Fundo Amazônia destinará R$ 150 milhões para combater incêndios no cerrado e no pantanal, abrangendo cinco estados e o Distrito Federal, em resposta ao aumento das queimadas em 2024. Essa é a primeira vez que os recursos do fundo, criado em 2008, serão usados fora da Amazônia Legal, refletindo a crescente preocupação do governo com o aumento das queimadas e suas consequências ambientais.