Meio Ambiente

Estudo revela a evolução da poluição por metais em São Paulo através de sedimentos do Lago das Garças

Estudo revela evolução da poluição por metais no Lago das Garças, em São Paulo. Pesquisadores da Universidade Federal do ABC analisaram sedimentos e destacaram a queda do chumbo após 1986, evidenciando a importância de políticas ambientais.

Atualizado em
April 14, 2025
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Lago das Garças, no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga; destaque para a massiva proliferação de algas na superfície e a urbanização ao fundo - Tatiane Araujo de Jesus

A poluição por metais na cidade de São Paulo é um problema histórico, intensificado pela industrialização e crescimento populacional ao longo do século XX. Um estudo recente, publicado na revista Environmental Science and Pollution Research, analisou a evolução da poluição no Lago das Garças, utilizando a paleolimnologia para entender as mudanças ambientais ao longo do último século. Os pesquisadores coletaram amostras de sedimentos, que revelaram a correlação entre a industrialização e o aumento da poluição por metais.

Os cientistas examinaram as concentrações de oito metais: cobalto, cromo, cobre, ferro, manganês, níquel, chumbo e zinco. O Lago das Garças foi escolhido por nunca ter sido dragado, preservando assim a sequência histórica da deposição de poluentes. A datação dos sedimentos foi realizada com o isótopo chumbo-210, que permite atribuir idades às camadas sedimentares.

Os resultados mostraram três períodos distintos na evolução da poluição. O primeiro, que vai até mil novecentos e cinquenta, apresentou baixas concentrações de metais, refletindo um ambiente menos impactado. O segundo período, de mil novecentos e cinquenta a mil novecentos e setenta e cinco, viu um aumento progressivo nos níveis de poluentes, impulsionado pela urbanização e pela industrialização da região.

O pico da poluição ocorreu entre mil novecentos e setenta e cinco e dois mil, quando as concentrações de metais como chumbo e níquel dispararam. A instalação da Rodovia dos Imigrantes, em mil novecentos e setenta e quatro, intensificou o tráfego de veículos, contribuindo para a poluição. A pesquisa destacou que a maior parte dos metais detectados era proveniente de emissões veiculares e industriais.

Um achado significativo foi a queda dos níveis de chumbo após mil novecentos e oitenta e seis, ano em que o Brasil proibiu o uso de gasolina com chumbo. Essa proibição teve um impacto positivo mensurável nos sedimentos. No entanto, outros metais, como cobalto e níquel, continuaram a aumentar, possivelmente devido a mudanças nos processos industriais.

O estudo ressalta a importância dos sedimentos como indicadores ambientais e a necessidade de políticas públicas rigorosas para reduzir a poluição. Embora algumas reduções tenham sido observadas, muitos metais ainda persistem nos sedimentos, representando um passivo ambiental. A união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que visem a recuperação ambiental e a proteção de áreas contaminadas, promovendo um futuro mais sustentável.

Folha de São Paulo
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