Socioambiental

Evangélicos e a natureza: a contradição entre a fé e o apoio ao PL da Devastação

A aprovação do PL da Devastação levanta questionamentos sobre a coerência da bancada evangélica em relação à proteção ambiental, desafiando sua interpretação bíblica sobre a Criação. A natureza clama por defensores que entendam seu papel como guardiões, não proprietários.

Atualizado em
July 30, 2025
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Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão conjunta do Congresso Nacional - Saulo Cruz - 13.mar.25/Agência Senado

A relação entre a fé evangélica e a preservação ambiental tem gerado discussões intensas, especialmente após a aprovação do Projeto de Lei (PL) da Devastação. Essa legislação, que afrouxa as normas de proteção ambiental, levantou questionamentos sobre a coerência dos evangélicos em relação aos ensinamentos bíblicos que promovem a proteção da natureza e a responsabilidade humana sobre a Criação.

O Gênesis destaca que Deus viu a Criação como boa, e que a Terra é propriedade d’Ele, conforme Levítico 25.23. No entanto, interpretações distorcidas têm levado muitos a acreditar que o mandamento de "dominar sobre os animais" (Gênesis 1.26) justifica a exploração desenfreada da natureza. Essa visão errônea tem sido criticada por ecologistas, que argumentam que a Bíblia não deve ser usada como justificativa para a destruição ambiental.

Pesquisadores, como Lifschitz, sugerem que a interpretação correta do mandamento é "dominar com" os animais, promovendo uma convivência harmoniosa e a preservação do ecossistema. Além disso, a Bíblia orienta a cuidar e preservar a Criação, como evidenciado em Gênesis 2.15, onde se ordena cultivar e guardar o Jardim. Essas diretrizes estão em desacordo com as ações de parlamentares que apoiam o PL da Devastação.

O pastor Werner Fuchs ressalta que Deus é o maior ambientalista e que a justiça socioambiental deve ser uma prioridade para os cristãos. No entanto, a aprovação do PL no Congresso Nacional, com apoio de parlamentares evangélicos, contrasta com os princípios bíblicos que defendem a proteção da natureza. A expectativa é que, ao retomar as discussões sobre o projeto, esses representantes se lembrem de seu papel como guardiões da Criação.

A natureza, segundo o apóstolo Paulo, "gemido da Criação" (Romanos 8.22), aguarda ações dos cristãos que valorizam a vida em todas suas formas. Iniciativas como a coletânea "Assim na Terra como no Céu" e movimentos como o Renovar Nosso Mundo demonstram que a aplicação dos ensinamentos bíblicos sobre a natureza pode gerar transformações significativas. A conscientização sobre a importância de cuidar do meio ambiente é essencial para as futuras gerações.

A reflexão sobre o papel do ser humano como guardião da Terra é urgente. A destruição ambiental traz consequências não apenas para o presente, mas também para o futuro. A união em torno de causas que promovam a proteção ambiental pode ser um passo importante para garantir um legado sustentável. Ao apoiar iniciativas que valorizem a vida e a natureza, a sociedade civil pode contribuir para um futuro mais justo e equilibrado.

Folha de São Paulo
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