Impacto Social

Exposição 'Dignidade e Luta' homenageia Laudelina de Campos Mello, pioneira dos direitos das trabalhadoras domésticas

A exposição "Dignidade e Luta" no IMS em Poços de Caldas celebra a vida de Laudelina de Campos Mello, heroína da pátria e ativista pelos direitos das trabalhadoras domésticas. A mostra reúne obras de 41 artistas negros e discute desigualdade racial e de gênero, destacando a luta histórica de Laudelina e os desafios atuais enfrentados por essa categoria. A entrada é gratuita e a exposição ficará em cartaz até 14 de setembro de 2025, antes de seguir para São Paulo.

Atualizado em
May 4, 2025
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A ativista Laudelina de Campos Mello, pioneira na luta pelo direito das empregadas domésticas, participa do Baile da Pérola Negra, em Campinas, São Paulo, 1957 - Arquivo Glória Bardi

Laudelina de Campos Mello, reconhecida como heroína da pátria em 2023, foi uma figura central na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil. Nascida em Poços de Caldas, Minas Gerais, em 1904, sua trajetória é celebrada na exposição "Dignidade e Luta", em cartaz no Instituto Moreira Salles (IMS) na cidade natal da ativista. Laudelina fundou as primeiras associações de trabalhadoras domésticas em Santos e Campinas, em 1936 e 1961, respectivamente, e foi uma das organizadoras da Frente Negra Brasileira, que lutava pelos direitos da população negra.

A exposição destaca a vida de Laudelina e a luta das trabalhadoras domésticas, reunindo obras de 41 artistas negros de diferentes gerações. Os temas abordados incluem a desigualdade racial e de gênero, a representação de mulheres negras na mídia e a importância do acesso à cultura e ao lazer. As organizadoras, Raquel Barreto e Renata Sampaio, enfatizam que a mostra busca dar visibilidade à luta de Laudelina, que reconhecia a precariedade das condições de trabalho como um reflexo das desigualdades herdadas do período da escravidão.

Apesar dos avanços, a categoria de trabalhadoras domésticas ainda enfrenta desafios significativos, como a alta informalidade e relações racistas que desrespeitam os direitos dos funcionários. Dados do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra) mostram que, entre 2012 e 2022, mulheres negras recebiam apenas 86,1% do salário de mulheres brancas na mesma função. As organizadoras da exposição enfrentaram o desafio de abordar a violência colonial sem transformar o espaço em um local de dor para as pessoas negras.

Laudelina, neta de escravizados, começou a trabalhar aos sete anos e iniciou sua militância aos 16, fundando o Clube 13 de Maio, que promovia atividades culturais para jovens negros. Em Santos, acolheu mulheres idosas e doentes que, sem trabalho, enfrentavam a rua. Sua luta por reconhecimento profissional culminou na regulamentação da profissão em 1972 e na aprovação da PEC das Domésticas em 2013, que garantiu direitos como jornada de 44 horas semanais e acesso ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Além de sua militância política, Laudelina atuou como agente cultural, promovendo bailes e fundando uma escola de dança para jovens negras. Ela faleceu em 1991, deixando sua casa como sede do sindicato das trabalhadoras domésticas em Campinas. A pesquisadora Elisabete Pinto documentou sua trajetória em um livro, ressaltando a importância do acesso à cultura e à autoestima na luta de Laudelina.

A exposição "Dignidade e Luta" está aberta ao público até 14 de setembro de 2025, com entrada gratuita. Após esse período, seguirá para o IMS de São Paulo, onde será exibida em 2026. Projetos que promovem a valorização da cultura e dos direitos das trabalhadoras domésticas são essenciais e merecem o apoio da sociedade civil. A união em torno dessas causas pode fazer a diferença na vida de muitas pessoas.

Folha de São Paulo
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