Meio Ambiente

Falta governança para garantir fiscalização eficaz do licenciamento ambiental no Brasil, alerta especialista

O PL 2.159, aprovado no Senado, facilita o licenciamento ambiental por autodeclaração, levantando preocupações sobre dados imprecisos e riscos ambientais, segundo especialistas. A falta de governança e fiscalização pode impactar negativamente as exportações brasileiras.

Atualizado em
May 27, 2025
Clock Icon
3
min
Desmatamento e queimadas na Floresta Amazônica — Foto: Edilson Dantas / Agencia O Globo

O Cadastro Ambiental Rural (CAR), instituído em 2012, permitiu que proprietários rurais se autodeclarassem sobre suas terras, mas resultou em problemas de sobreposição territorial e fiscalização ineficaz. Recentemente, o Projeto de Lei 2.159, aprovado no Senado, flexibiliza o licenciamento ambiental por meio de autodeclaração, o que pode agravar a situação de dados imprecisos e aumentar os riscos ambientais e comerciais para o Brasil.

Luiz Ugeda, advogado e geógrafo, destaca que a falta de governança impede uma fiscalização adequada do licenciamento ambiental. Ele aponta que o CAR gerou uma sobreposição territorial inflacionada em cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, o que equivale a adicionar uma Colômbia ao território brasileiro. Apesar de a informação ser pública e já ter sido denunciada, a ineficácia da fiscalização persiste.

O licenciamento ambiental depende de informações confiáveis sobre o uso do solo. Se o CAR contiver dados inflacionados, decisões equivocadas podem ser tomadas, como autorizações para empreendimentos em áreas degradadas ou protegidas. Pedro Carneiro, advogado especialista em Direito Ambiental, ressalta que a autodeclaração sem validação técnica compromete o princípio da precaução, permitindo que áreas protegidas sejam erroneamente classificadas como produtivas.

Ugeda também menciona que problemas como a grilagem de terras estão se transferindo para o ambiente digital. A sobreposição de proprietários é comum, com registros duplicados em cartórios, CAR e no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Essa falta de cruzamento de informações resulta em uma sobreposição de títulos que chega a 650 mil quilômetros quadrados nos cartórios e mais de um milhão no CAR.

Ugeda defende a necessidade de uma agência reguladora que gerencie todos os dados relacionados ao uso do solo. Ele argumenta que a falta de interoperabilidade entre os sistemas impede uma governança eficaz. Com a ampliação do licenciamento por autodeclaração, os danos ambientais podem ser irreversíveis, afetando a imagem do Brasil no mercado internacional.

Carneiro alerta que a situação pode prejudicar as exportações brasileiras, especialmente em mercados que exigem garantias de sustentabilidade. A falta de rastreabilidade ambiental pode resultar em barreiras comerciais e restrições a produtos brasileiros. Em um cenário como esse, a união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que promovam a regularização e a sustentabilidade, garantindo um futuro mais seguro e responsável para o meio ambiente.

Leia mais

Câmara dos Deputados aprova projeto da Lei do Mar para gestão sustentável do sistema costeiro-marinho
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Câmara dos Deputados aprova projeto da Lei do Mar para gestão sustentável do sistema costeiro-marinho
News Card

A Câmara dos Deputados aprovou a Lei do Mar, que estabelece a Política Nacional para a Gestão Integrada do Sistema Costeiro-Marinho, visando a conservação e o uso sustentável. O projeto, que agora segue para o Senado, foi elaborado por ex-deputados e inclui diretrizes para a proteção ambiental e desenvolvimento sustentável, abordando questões como pesca, turismo e mudanças climáticas.

Jaguatirica resgatada no Pará gera polêmica sobre posse de animais silvestres e pressão nas redes sociais
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Jaguatirica resgatada no Pará gera polêmica sobre posse de animais silvestres e pressão nas redes sociais
News Card

A jaguatirica apreendida pelo Ibama, que estava sob cuidados inadequados de uma influenciadora, gera polêmica com abaixo-assinados pedindo sua devolução, desconsiderando a legislação e riscos à fauna.

Febre oropouche atinge recorde de casos no Brasil, com mais de 10 mil registros em 2024
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Febre oropouche atinge recorde de casos no Brasil, com mais de 10 mil registros em 2024
News Card

Casos de febre oropouche no Brasil dispararam para 10.940 em 2024, com duas mortes. Pesquisadores apontam mudanças climáticas e novas cepas do vírus como fatores críticos para a epidemia.

Claro! Por favor, forneça as informações sobre o tema ou evento que você gostaria que eu transformasse em um título.
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Claro! Por favor, forneça as informações sobre o tema ou evento que você gostaria que eu transformasse em um título.
News Card

Estudo recente aponta que a temperatura média global pode subir 2 graus Celsius até 2050, aumentando a frequência de desastres naturais e exigindo ações urgentes de mitigação.

Brasil pode alcançar recorde histórico na produção de grãos, mas enfrenta crise de armazenamento
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Brasil pode alcançar recorde histórico na produção de grãos, mas enfrenta crise de armazenamento
News Card

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou a previsão da safra de grãos para 345 milhões de toneladas, mas enfrenta um desafio: 40% da colheita não possui armazenamento adequado. A falta de armazéns é um problema crônico, com apenas 62% da produção sendo estocada. Em Mato Grosso, produtores recorrem a métodos improvisados, como bolsões de plástico, enquanto uma cooperativa investe R$ 24 milhões em novos silos. A Conab reconhece a urgência de novos investimentos em infraestrutura.

Obras hídricas em Pernambuco avançam com foco na ampliação do abastecimento e contenção de cheias
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Obras hídricas em Pernambuco avançam com foco na ampliação do abastecimento e contenção de cheias
News Card

Reunião entre a Secretaria Nacional de Segurança Hídrica e a Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco abordou obras hídricas, como a Barragem de Panelas II, com 97% de execução, e a adutora do Agreste, beneficiando comunidades afetadas pela seca.