Socioambiental

Gruta de Kamukuwaká ganha réplica em celebração da cultura wauja e luta pela preservação do território indígena

A Gruta de Kamukuwaká, sagrada para os Wauja, foi vandalizada, levando à criação de uma réplica e à luta por reconhecimento cultural e proteção territorial. A inauguração da réplica em Ulupuwene marca um passo importante na preservação da cultura indígena.

Atualizado em
June 19, 2025
Clock Icon
4
min
O cacique Akari Waurá cercado de crianças em frente à réplica da Gruta de Kamukuwaká Foto: Alaor Filho/Fotos públicas

O Território Indígena do Xingu, no Brasil, enfrenta desafios significativos, especialmente após o vandalismo da Gruta de Kamukuwaká, um local sagrado para os Wauja. O ataque ocorreu em 2018, quando a principal parede da gruta foi depredada, levando à criação de uma réplica e à luta pela preservação do território. O cacique Akari Waurá, que cresceu visitando a gruta, expressou a importância desse espaço, que é considerado uma "biblioteca" e "escola" da cultura Wauja.

A Gruta de Kamukuwaká, localizada às margens do Rio Batovi, é um símbolo da cosmogonia Wauja, onde o herói ancestral Kamukuwaká viveu. Apesar da demarcação do Xingu em 1961, a área da gruta ficou fora da proteção, resultando em um aumento da pressão de atividades agrícolas e desmatamento na região. O estado de Mato Grosso se tornou um dos maiores produtores de soja do mundo, impactando diretamente as terras indígenas.

Após o vandalismo, os Wauja, em parceria com organizações internacionais, decidiram criar uma réplica da gruta, utilizando tecnologia avançada para reconstituir as gravuras danificadas. A inauguração da réplica ocorreu em outubro de 2024, na aldeia Ulupuwene, onde os Wauja celebraram a preservação de sua cultura e história. Akari destacou que a luta pela proteção do território é essencial para manter viva a tradição de seu povo.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu a importância da gruta ao tombá-la como patrimônio cultural em 2010, mas a falta de fiscalização permitiu que o vandalismo ocorresse. A arqueóloga Gabriele Viega Garcia, que trabalha com os Wauja, enfatizou a necessidade de um plano de gestão claro para a proteção do patrimônio indígena, algo que ainda não foi implementado adequadamente.

Em um contexto de crescente desmatamento e pressão econômica, os Wauja e outros povos do Xingu buscam garantir seus direitos e a preservação de suas terras. A recente decisão judicial que determina a revisão dos limites da Terra Indígena Batovi é um passo positivo, mas a luta continua. O presidente da Associação Terra Indígena Xingu, Ianukula Kaiabi Suiá, ressaltou a importância de unir esforços para proteger os locais sagrados e a cultura indígena.

O fortalecimento das iniciativas de preservação cultural e ambiental é crucial. A união da sociedade civil pode fazer a diferença na luta pela proteção dos direitos dos povos indígenas e na preservação de suas tradições. Projetos que visam apoiar essas causas devem ser incentivados, pois a proteção do patrimônio cultural é uma responsabilidade coletiva.

Revista Piauí
Quero ajudar

Leia mais

Especulação imobiliária rural é apontada como principal causa do desmatamento na Amazônia, afirma pecuarista
Socioambiental
Clock Icon
3
min
Especulação imobiliária rural é apontada como principal causa do desmatamento na Amazônia, afirma pecuarista
News Card

Mauro Lúcio, presidente da Acripará, destacou que a especulação imobiliária rural é a principal responsável pelo desmatamento na Amazônia, não a agropecuária. Ele defendeu a produção sustentável e criticou a falta de fiscalização na regularização fundiária.

Incêndios no Pantanal deixam marcas profundas em comunidades ribeirinhas e afetam saúde e educação
Socioambiental
Clock Icon
4
min
Incêndios no Pantanal deixam marcas profundas em comunidades ribeirinhas e afetam saúde e educação
News Card

Moradores da comunidade ribeirinha Aterro do Binega enfrentam sérios problemas de saúde mental e física devido às queimadas no Pantanal, reivindicando uma unidade de saúde local. A situação se agrava com a dificuldade de acesso a tratamentos médicos em Corumbá.

Moradores da Vila da Barca protestam contra estação de esgoto que não beneficiará a comunidade
Socioambiental
Clock Icon
3
min
Moradores da Vila da Barca protestam contra estação de esgoto que não beneficiará a comunidade
News Card

Moradores da Vila da Barca protestam contra a construção de uma estação de esgoto que, segundo eles, beneficiará apenas áreas nobres de Belém, enquanto a comunidade permanece sem saneamento. A obra, parte das preparações para a COP30, gerou descontentamento e ações judiciais.

Quintais urbanos revelam saberes ancestrais e fortalecem laços comunitários em São Paulo
Socioambiental
Clock Icon
4
min
Quintais urbanos revelam saberes ancestrais e fortalecem laços comunitários em São Paulo
News Card

Quintais urbanos em São Paulo e Guarulhos se destacam como espaços de cura e sociabilidade, revelando saberes tradicionais e promovendo hortas comunitárias. Pesquisas mostram a importância desses ambientes na vida dos moradores.

Audi e Litro de Luz levam iluminação solar a comunidades isoladas da Amazônia em nova ação social
Socioambiental
Clock Icon
3
min
Audi e Litro de Luz levam iluminação solar a comunidades isoladas da Amazônia em nova ação social
News Card

Audi investe mais de R$ 1 milhão no projeto Litro de Luz, que levará 199 soluções de energia solar a três comunidades amazônicas entre 26 e 30 de junho de 2025, beneficiando 177 famílias.

Ministério do Meio Ambiente realiza leilão de concessão florestal na Amazônia com investimentos de R$ 32,6 milhões anuais
Socioambiental
Clock Icon
3
min
Ministério do Meio Ambiente realiza leilão de concessão florestal na Amazônia com investimentos de R$ 32,6 milhões anuais
News Card

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) promoveu o leilão da concessão de manejo florestal da Floresta Nacional do Jatuarana, com investimentos de até R$ 32,6 milhões anuais e geração de mais de 1.300 empregos.