Meio Ambiente

Incêndios no cerrado devastam 20 milhões de hectares de vegetação nativa entre 2003 e 2020

Estudo do Ipam revela que 20 milhões de hectares de vegetação nativa no cerrado foram queimados entre 2003 e 2020, com incêndios se espalhando para áreas não desmatadas, exigindo políticas urgentes de manejo do fogo.

Atualizado em
May 26, 2025
Clock Icon
4
min
Área de cerrado queimada por incêndio florestal próximo à comunidade quilombola do Prata, na região do Jalapão, em São Félix do Tocantins, no Tocantins - Lalo de Almeida - 1°.abr.24/Folhapress

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) revela que, entre 2003 e 2020, cerca de 20 milhões de hectares de vegetação nativa do cerrado brasileiro foram consumidos por incêndios. Essa área equivale a mais de 24 milhões de campos de futebol. A pesquisa indica que os incêndios iniciados em áreas desmatadas se espalham para regiões de mata nativa, resultando em uma devastação que ultrapassa a área que se pretendia queimar.

A análise mostra que a vegetação nativa afetada corresponde a 1,3 vezes o tamanho do território desmatado. Ana Carolina Pessôa, pesquisadora do Ipam, destaca que apenas 7% dos incêndios iniciados em áreas desmatadas permaneceram dentro dos limites da região convertida. A maior parte do território atingido pertence a propriedades privadas, com 14,7 milhões de hectares queimados em áreas privadas, que perderam 27% de sua vegetação nativa.

As áreas públicas de uso sustentável e terras indígenas também foram impactadas, com 1,4 milhão de hectares e 1,2 milhão de hectares queimados, respectivamente. O fogo é frequentemente utilizado para preparar o solo para plantio ou pasto, mas a frequência e a intensidade dos incêndios provocados por ações humanas têm contribuído para as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade.

O estudo considerou incêndios que ocorreram em até um quilômetro de áreas desmatadas, dentro de um período de até dois anos após a conversão da vegetação. Os dados coletados permitem rastrear os pontos de ignição dos incêndios, facilitando a análise do impacto do fogo no cerrado. A pesquisadora ressalta que, embora o manejo do fogo seja uma prática tradicional no cerrado, a sua utilização deve ser cuidadosamente planejada para evitar novos focos de incêndio.

Em 2024, o cerrado registrou 81.432 focos de incêndio, um aumento de 60% em relação ao ano anterior. A pesquisadora enfatiza a necessidade urgente de ações de adaptação climática, uma vez que o ciclo natural do fogo já foi alterado, ameaçando o modo de vida das comunidades tradicionais. O manejo do fogo deve levar em conta as particularidades do território e das pessoas que nele habitam.

Os dados do estudo devem ser utilizados para fortalecer políticas públicas de combate ao desmatamento e prevenção de incêndios. A união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que visem a proteção do cerrado e a recuperação das áreas afetadas. Projetos que busquem ajudar as comunidades impactadas e promover a preservação ambiental são essenciais neste momento crítico.

Folha de São Paulo
Quero ajudar

Leia mais

MPF investiga concessões de serviços no Parque Nacional de Brasília após protestos da sociedade civil
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
MPF investiga concessões de serviços no Parque Nacional de Brasília após protestos da sociedade civil
News Card

Ministério Público Federal investiga concessões no Parque Nacional de Brasília e Floresta Nacional de Brasília, após consulta pública do ICMBio gerar controvérsias e protestos.

Executivos brasileiros reconhecem influência dos EUA na sustentabilidade, mas mantêm metas inalteradas
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Executivos brasileiros reconhecem influência dos EUA na sustentabilidade, mas mantêm metas inalteradas
News Card

Executivos brasileiros reconhecem a influência da política dos EUA nas práticas de sustentabilidade, mas apenas 37% planejam mudar suas metas. A pesquisa da Amcham destaca desafios financeiros e a pressão por ações sustentáveis.

Tubarões galha-preta ameaçados de extinção são avistados em refúgio na Baía da Ilha Grande
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Tubarões galha-preta ameaçados de extinção são avistados em refúgio na Baía da Ilha Grande
News Card

Dezenas de tubarões galha-preta, ameaçados de extinção, foram avistados na Enseada de Piraquara de Fora, em Angra dos Reis, com fêmeas grávidas, destacando a importância da área para a reprodução da espécie. O fenômeno, monitorado desde 2016, não representa risco aos banhistas e reforça a necessidade de conservação do ecossistema marinho local.

Petrobras muda estratégia e lança programa de créditos de carbono focado na restauração florestal na Amazônia
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Petrobras muda estratégia e lança programa de créditos de carbono focado na restauração florestal na Amazônia
News Card

Petrobras lança ProFloresta+ com BNDES, visando restaurar 50 mil hectares na Amazônia e gerar 15 milhões de créditos de carbono, após polêmicas sobre compra anterior de créditos.

"Daniela Mercury e Anitta se opõem à venda de áreas verdes em Salvador e clamam por preservação ambiental"
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
"Daniela Mercury e Anitta se opõem à venda de áreas verdes em Salvador e clamam por preservação ambiental"
News Card

A venda de áreas verdes em Salvador gera polêmica, com Daniela Mercury e Anitta se manifestando contra. Justiça suspende leilão no Morro do Ipiranga, destacando a importância ambiental do local.

Goiânia registra chuvas abaixo da média em março de 2025, com temperaturas significativamente elevadas
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Goiânia registra chuvas abaixo da média em março de 2025, com temperaturas significativamente elevadas
News Card

Em março de 2025, Goiânia registrou uma queda de 62% na precipitação, totalizando apenas 97,0 mm, enquanto as temperaturas médias superaram a normal em até 2,5°C, impactando o clima local.