Meio Ambiente

"Iracema - Uma Transa Amazônica" retorna aos cinemas em 4K, revelando a luta contra a devastação da Amazônia e os desafios sociais atuais

"Iracema - Uma Transa Amazônica" retorna aos cinemas em 4K, 50 anos após sua estreia, com Jorge Bodanzky ressaltando que a crítica social e ambiental do filme continua relevante. A obra, que retrata a exploração da Amazônia e a realidade indígena, é um alerta sobre as mudanças climáticas e a repetição de erros históricos.

Atualizado em
July 23, 2025
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Edna de Cássia em cena do filme 'Iracema, uma Transa Amazônica', de Jorge Bodanzky e Orlando Senna - Divulgação

Iracema - Uma Transa Amazônica, filme de 1974 dirigido por Jorge Bodanzky e Orlando Senna, retorna aos cinemas em versão 4K, cinquenta anos após sua estreia. O longa, que retrata a exploração da Amazônia e as questões sociais e indígenas, é um alerta sobre a continuidade da devastação ambiental e social. Bodanzky ressalta que, apesar das mudanças políticas, as questões abordadas no filme permanecem relevantes, refletindo a atualidade das denúncias feitas na obra.

O filme foi rodado em uma estrada que destruiu comunidades indígenas e devastou a natureza. Bodanzky afirma que a situação atual é semelhante àquela que levou ao golpe de 1964. Ele destaca que o filme é importante para as novas gerações, que podem não ter vivenciado esses eventos, mas que precisam entender as lições do passado. A produção foi marcada por desafios, incluindo a censura e a necessidade de filmar clandestinamente em uma zona de segurança nacional.

Na trama, Edna de Cássia, uma jovem descoberta por Bodanzky, interpreta a protagonista que, após se perder da família, decide se prostituir para sobreviver. O filme, que combina ficção e documentário, foi pioneiro ao registrar as queimadas na Amazônia, mostrando uma realidade que ainda persiste. Bodanzky relembra que as imagens capturadas eram inéditas e impactantes, revelando a dimensão da destruição que ele mesmo desconhecia na época.

O longa foi concebido inicialmente para um programa experimental da televisão alemã e, após sua estreia em 1974, conquistou reconhecimento internacional, sendo indicado a importantes festivais. No Brasil, a obra só foi liberada em 1980, após um período de censura, e ganhou prêmios no Festival de Brasília. A circulação em cineclubes durante a censura ajudou a manter o filme vivo na memória do público.

Edna de Cássia, que hoje atua como professora, reflete sobre a relevância do filme nos dias atuais, afirmando que ele serve como um alerta para as mudanças climáticas. Ela acredita que a mensagem de "Iracema" está finalmente sendo compreendida e que o legado da obra é mais necessário do que nunca. A produção destaca a exploração e marginalização de comunidades, trazendo à tona questões que ainda afetam o Brasil contemporâneo.

O retorno de "Iracema - Uma Transa Amazônica" aos cinemas é uma oportunidade para refletir sobre a importância de apoiar iniciativas que promovam a preservação ambiental e a valorização das culturas indígenas. A união da sociedade civil pode fazer a diferença em projetos que busquem mitigar os impactos da exploração e promover a justiça social, contribuindo para um futuro mais sustentável.

Folha de São Paulo
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