Meio Ambiente

Leilão na foz do Amazonas gera polêmica e ações judiciais em meio a tensões ambientais e sociais

Leilão de blocos na foz do Amazonas, marcado para 17 de junho, enfrenta resistência do MPF e petroleiros, que questionam a falta de licenças e consulta às comunidades tradicionais. A pressão aumenta.

Atualizado em
June 6, 2025
Clock Icon
4
min
Conflito regulatório se intensifica em torno da expansão da fronteira petrolífera amazônica. (Lucas Ninno/Getty Images)

O leilão de blocos na foz do Amazonas, agendado para 17 de junho, enfrenta crescente resistência devido a preocupações ambientais. O Ministério Público Federal (MPF) recomendou a suspensão do leilão, solicitando a exclusão de 47 áreas da foz do Amazonas. A recomendação, emitida em 26 de maio, estabeleceu um prazo de 72 horas para que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) respondesse. O MPF argumenta que a expansão da exploração petrolífera na região contraria os compromissos climáticos do Brasil.

Além disso, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e os Sindicatos dos Petroleiros (Sindipetros) entraram com ações judiciais contra a ANP. Eles destacam a contradição de a Petrobras ainda aguardar licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para perfurar um poço na foz do Amazonas, enquanto a ANP autoriza a oferta de áreas para empresas privadas. Essa situação revela uma complexa dinâmica regulatória que se arrasta há mais de uma década.

As 47 áreas em questão foram oferecidas novamente após não terem compradores na 11ª rodada da ANP em 2013. Naquela ocasião, dos 14 blocos vendidos, nenhum avançou para a fase de licenciamento. O bloco 59, atualmente sob pressão da Petrobras, é um exemplo dessa ineficácia. O MPF documentou que o IBAMA frequentemente nega licenças devido à falta de preparo das empresas para emergências ambientais e à inadequação dos estudos apresentados.

A ausência da Avaliação Ambiental de Área Sedimentar, um estudo crucial para as bacias da foz do Amazonas e do Pará-Maranhão, é outro ponto central nas contestações. A ação da FUP também critica a falta de consulta às comunidades tradicionais, o que viola a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Tanto o MPF quanto os representantes dos petroleiros ressaltam a importância da Consulta Prévia, Livre e Informada aos Povos Indígenas.

O MPF ainda enfatizou a necessidade de um estudo de impacto climático antes da concessão das áreas, conforme a Política Nacional sobre Mudança do Clima. A operação de múltiplos blocos pode gerar efeitos cumulativos que afetam o sistema climático global. Apesar das contestações, a ANP informou que doze empresas manifestaram interesse em participar do leilão, que incluirá blocos terrestres e marítimos em várias bacias.

A realização do leilão agora depende da resposta da ANP à recomendação do MPF e do desfecho das ações judiciais. Em situações como essa, a união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que priorizem a preservação ambiental e a consulta às comunidades afetadas. Mobilizações e projetos que promovam a conscientização sobre a importância da proteção da Amazônia são essenciais neste momento.

Leia mais

Indígenas são contidos com gás de pimenta após ocupação do gramado do Congresso Nacional em Brasília
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Indígenas são contidos com gás de pimenta após ocupação do gramado do Congresso Nacional em Brasília
News Card

Indígenas foram contidos com gás de pimenta após invadir o gramado do Congresso Nacional em Brasília, desrespeitando acordo de manifestação. A repressão gerou críticas de parlamentares.

Mudanças climáticas causam estragos no Brasil e ameaçam a vida de milhões até 2030
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Mudanças climáticas causam estragos no Brasil e ameaçam a vida de milhões até 2030
News Card

Mudanças climáticas no Brasil em 2024 intensificaram secas na Amazônia e enchentes no Sul, resultando em prejuízos de R$ 620 milhões e aumento nos preços de produtos como café e castanha. Comunidades vulneráveis enfrentam crises severas.

Programa Água Doce avança com 172 sistemas de dessalinização para combater a escassez hídrica no semiárido
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Programa Água Doce avança com 172 sistemas de dessalinização para combater a escassez hídrica no semiárido
News Card

O Programa Água Doce (PAD) avança no semiárido brasileiro com a ativação de 61 novos sistemas de dessalinização em 2025, superando a meta de 100. A iniciativa já implantou 1.131 sistemas em 10 estados, promovendo dignidade e saúde.

Governo lança IPI Verde e Carro Sustentável para promover veículos menos poluentes e acessíveis
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Governo lança IPI Verde e Carro Sustentável para promover veículos menos poluentes e acessíveis
News Card

Na quinta-feira (10), o governo brasileiro regulamentará o IPI Verde e lançará o Carro Sustentável, com alíquota zero de IPI para veículos mais acessíveis e menos poluentes. A cerimônia contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice, Geraldo Alckmin. O IPI Verde ajustará a tributação de acordo com as emissões e segurança dos veículos, enquanto o Carro Sustentável beneficiará modelos compactos fabricados no Brasil. A expectativa é que essa redução tributária traga descontos significativos aos consumidores.

Onça-pintada Miranda supera queimaduras e dá à luz filhote após resgate no Pantanal devastado por incêndios
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Onça-pintada Miranda supera queimaduras e dá à luz filhote após resgate no Pantanal devastado por incêndios
News Card

A onça-pintada Miranda, resgatada após incêndios no Pantanal, foi solta após 43 dias de tratamento e surpreendeu ao dar à luz um filhote, simbolizando a resiliência da fauna local. A equipe da ONG Onçafari celebra essa vitória na conservação.

Tubarão anequim de 300 kg é encontrado morto na praia Lagoa do Siri em Marataízes, Espírito Santo
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Tubarão anequim de 300 kg é encontrado morto na praia Lagoa do Siri em Marataízes, Espírito Santo
News Card

Um tubarão anequim de aproximadamente 300 kg foi encontrado morto na praia Lagoa do Siri, em Marataízes, possivelmente atacado por um marlim. Especialistas alertam sobre os riscos de consumir animais marinhos encalhados.