Socioambiental

Malcom Ferdinand propõe uma ecologia decolonial que une justiça social e preservação ambiental

Malcom Ferdinand propõe a ecologia decolonial, unindo a luta por justiça social à preservação ambiental, desafiando o ambientalismo tradicional que ignora injustiças sociais. A obra "Uma ecologia decolonial" destaca a importância de integrar dignidade dos povos oprimidos e equilíbrio ecológico.

Atualizado em
April 25, 2025
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Malcom Ferdinand, graduado em engenharia ambiental pela University College London (UCL) e doutor em filosofia política e ciência política pela Université Paris Diderot (Paris 7) -  (//Divulgação)

A intersecção entre meio ambiente e justiça social se torna cada vez mais relevante, especialmente em contextos de desigualdade e exploração colonial. O pensador martinicano Malcom Ferdinand introduz o conceito de ecologia decolonial, que une a luta pela dignidade dos povos oprimidos à preservação ecológica. Em seu livro Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho, lançado no Brasil pela editora Ubu, Ferdinand critica a visão tradicional do ambientalismo que ignora as injustiças sociais.

Ferdinand argumenta que a ecologia colonial se refere a um ambientalismo que cuida do meio ambiente, mas desconsidera as pessoas, especialmente as racializadas e marginalizadas. Ele destaca que essa abordagem é despolitizada e falha em abordar a crise climática sem justiça climática. A colonização, segundo ele, não se limitou ao controle de terras, mas impôs um modo de vida violento e misógino, explorando a terra para lucro e ignorando o sofrimento humano.

A ecologia decolonial, por outro lado, busca unir a luta por emancipação e dignidade com a preservação do equilíbrio ecológico. Ferdinand critica a visão marxista que reduz todas as formas de opressão à luta de classes, ressaltando que a desumanização dos povos indígenas não pode ser explicada apenas por essa perspectiva. Ele defende que é necessário aprender com pensadores indígenas e considerar as diversas formas de opressão.

O autor também enfatiza a importância de incluir não-humanos nas discussões sobre justiça e política. Ele critica a modernidade por tratar os não-humanos como máquinas e destaca que a interconexão entre todas as formas de vida deve ser reconhecida. A pandemia de Covid-19 evidenciou essa interdependência, mostrando que o que afeta os animais também pode impactar os humanos.

Ferdinand rebate críticas que consideram sua abordagem uma política identitária, argumentando que essa rotulação é uma forma de deslegitimar movimentos sociais. Ele defende que a diversidade deve ser celebrada e que a diferença não deve ser vista como uma ameaça. Além disso, ele critica a ideia de que a destruição ambiental é necessária para melhorar a vida dos mais pobres, afirmando que a desigualdade é o verdadeiro problema a ser enfrentado.

O Brasil desempenha um papel crucial nessa luta, dada sua importância ecológica e histórica. Ferdinand acredita que a voz do Brasil se tornará mais forte à medida que políticas sociais avançarem. A mobilização da sociedade civil é essencial para enfrentar esses desafios. Projetos que promovem a justiça social e a preservação ambiental devem ser apoiados, pois a união pode fazer a diferença na vida dos menos favorecidos.

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