A cooperativa Manejaí superou barreiras burocráticas e acessou créditos do Pronaf, beneficiando 386 famílias de extrativistas do açaí, enquanto comunidades quilombolas e pescadores ainda enfrentam dificuldades.

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) tem priorizado o agronegócio convencional, dificultando o acesso de agricultores familiares e comunidades tradicionais ao crédito rural. Em contraste, a cooperativa Manejaí, que reúne extrativistas do açaí no Marajó, conseguiu acessar esses créditos por meio de parcerias, beneficiando 386 famílias. No entanto, comunidades quilombolas e pescadores ainda enfrentam barreiras burocráticas significativas.
O Pronaf oferece nove linhas de financiamento, com juros que variam entre 0,5% e 6% e valores que podem chegar a R$ 420 mil por beneficiário. Contudo, em 2024, 91,7% dos créditos na Amazônia Legal foram direcionados à pecuária convencional, enquanto apenas 8,3% foram para atividades agrícolas. Produtos ligados à sociobiodiversidade, como açaí e castanha, têm acesso ainda mais restrito, com 99% dos produtores afirmando nunca ter acessado crédito rural.
Um dos principais obstáculos é a exigência de documentos individuais, como o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) e o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que exclui povos e comunidades que vivem em territórios coletivos. Essa situação é exemplificada pela comunidade quilombola Caraíbas, que enfrenta dificuldades para acessar o Pronaf devido à falta de titulação de suas terras, um processo que está parado desde 2018.
Os pescadores artesanais também se sentem prejudicados, pois precisam do CAF-Pronaf, um documento que substituiu a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP). O processo para obtenção desse documento é moroso e burocrático, levando muitos a desistirem. A presidente da Colônia de Pesca de Itapaiva, Lucila da Rocha Lopes, destaca que a falta de apoio nos bancos e a exigência de documentos desnecessários dificultam ainda mais o acesso a esses recursos.
Por outro lado, a Manejaí superou essas barreiras por meio de parcerias com a Conexsus e o Banco da Amazônia. Desde 2022, a cooperativa participa do programa Rede de Ativadores de Crédito Socioambiental, que visa capacitar técnicos locais para facilitar o acesso ao crédito rural. Essa iniciativa resultou na liberação de créditos para 386 famílias, permitindo que elas resistam às ameaças e mantenham suas identidades culturais.
O Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio) propôs ao governo federal uma série de mudanças para facilitar o acesso ao Pronaf, incluindo a ampliação da lista de documentos exigidos e a destinação de 20% dos recursos para cadeias da sociobiodiversidade. A promoção da autossuficiência das comunidades tradicionais é essencial para uma economia sustentável. A união da sociedade civil pode ser um passo importante para apoiar essas iniciativas e garantir que as vozes dos menos favorecidos sejam ouvidas.

O Brasil sediará a COP 30 em Belém, em novembro de 2023, em meio a uma crise climática e social, enfrentando desafios para garantir um financiamento climático justo. A meta global de US$ 300 bilhões até 2035 é insuficiente frente à necessidade de US$ 1,3 trilhão dos países do Sul Global.

Líder indígena Maria de Fátima Muniz foi assassinada em ataque na Bahia, enquanto a violência contra povos indígenas no Brasil cresce, com mais de 211 mortes e aumento de suicídios em 2024.

A ANTT enviará estudos ao TCU sobre a Ferrogrão, com leilão previsto para 2024, enquanto comunidades indígenas contestam a consulta prévia e reivindicam R$ 1,7 bilhão em indenização. O projeto enfrenta forte resistência socioambiental.

Petrolina sedia o evento “Legado Socioambiental do PISF”, promovido pelo MIDR, que discute os impactos sociais e ambientais do Projeto de Integração do Rio São Francisco, destacando avanços em biodiversidade e desenvolvimento sustentável.

Alice Pataxó, ativista indígena, destacou a crise climática e seus planos para a COP 30 em Belém durante o Power Trip Summit, enfatizando a comunicação acessível entre povos indígenas. Ela acredita que o futuro é construível e que a conferência pode ampliar o debate ambiental.

O Índice de Democracia Ambiental (IDA) revela que os nove estados da Amazônia Legal enfrentam sérias lacunas na proteção de defensores ambientais, com Roraima obtendo a pior classificação. A pesquisa destaca a urgência de reformas para garantir direitos e segurança.