Meio Ambiente

Mata Atlântica enfrenta ameaça crescente de incêndios; estudo revela vulnerabilidade das florestas secundárias

Pesquisadores da UFSCar e Unesp revelam que florestas secundárias na Mata Atlântica são 61% mais vulneráveis ao fogo, enquanto florestas maduras têm 57% menos suscetibilidade, exigindo políticas de conservação específicas.

Atualizado em
May 16, 2025
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A Mata Atlântica, o bioma mais degradado do Brasil, possui apenas 30% de sua área original. A exploração intensificou-se nas últimas quatro décadas, resultando na perda de 3,7 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2023, conforme dados do projeto MapBiomas. A fragmentação da floresta é alarmante, com 97% dos fragmentos menores que 50 hectares, criando “ilhas” de floresta que dificultam a recuperação do ecossistema.

Recentemente, pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) descobriram que florestas secundárias, que surgem em áreas anteriormente devastadas, são 61% mais vulneráveis ao fogo. Em contraste, florestas maduras, com mais de 35 anos, apresentam uma resistência 57% maior a incêndios. Essa pesquisa destaca a necessidade urgente de políticas de conservação específicas para cada tipo de formação florestal.

O estudo, que resultou na tese de doutorado de Bruno Adorno, analisou dados de satélite e estatísticas sobre a cobertura do solo e focos de incêndio na Mata Atlântica ao longo de 35 anos. Os pesquisadores observaram que a fragmentação e o fogo interagem de maneira complexa, onde a própria fragmentação aumenta a vulnerabilidade ao fogo, criando um ciclo prejudicial para o bioma.

Os pesquisadores também notaram que as áreas de pastagem não são tão vulneráveis ao fogo quanto se pensava, desafiando a literatura científica anterior. A análise revelou que a proporção de áreas afetadas é mais relevante do que a quantidade total de incêndios, indicando que a gestão do uso do solo é crucial para a proteção das florestas.

As florestas secundárias, por serem mais jovens, tendem a ser mais quentes e secas, o que as torna mais suscetíveis a incêndios. Além disso, práticas agrícolas inadequadas, como queimadas intencionais para impedir a regeneração, agravam a situação. Em contrapartida, florestas maduras, com uma estrutura mais densa e umidade interna maior, são menos propensas a pegar fogo.

Os resultados da pesquisa podem guiar a formulação de políticas públicas mais eficazes, direcionando recursos para a proteção de florestas jovens e promovendo práticas de manejo sustentável. A conscientização sobre a importância da conservação das florestas secundárias é fundamental. A união da sociedade pode ser decisiva para proteger esses ecossistemas vitais e garantir um futuro mais sustentável para a Mata Atlântica.

Jornal da UNESP
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