Meio Ambiente

Ministério da Agricultura critica meta de zerar desmatamento ilegal até 2030 como inviável e desconectada da realidade

O Ministério da Agricultura criticou a meta do governo Lula de zerar o desmatamento ilegal até 2030, considerando-a inviável e desconectada da realidade, propondo a exclusão de ações do plano interministerial.

Atualizado em
June 4, 2025
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Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante entrevista concedida em Brasília - Pedro Ladeira 28.mai.2025/Folhapress

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) criticou a meta do governo Lula de eliminar o desmatamento ilegal em todos os biomas até 2030, considerando-a inviável e desconectada da realidade. A avaliação foi realizada a pedido do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e acessada pela Folha. O Mapa argumentou que a ação de monitorar e eliminar o desmatamento ilegal é impraticável, destacando que a proposta de zerar o desmatamento em áreas públicas é fora da razoabilidade.

O MMA solicitou ao Mapa sugestões para aprimorar o Plano Setorial de Uso e Cobertura da Terra em Áreas Públicas, que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa e controlar o uso de terras públicas. O Mapa, em seu parecer, sugeriu a exclusão total das ações relacionadas ao desmatamento ilegal ou, pelo menos, que não fosse o responsável por essas ações.

Além disso, o MMA mencionou a necessidade de desenvolver um "Plano Nacional de Rastreabilidade" para produtos agropecuários em terras públicas. O Mapa respondeu que essa iniciativa se limita à rastreabilidade de bovinos e búfalos, não abrangendo outros produtos. A crítica do Mapa reflete uma tensão entre as prioridades do ministério e as metas ambientais do governo.

O MMA reafirmou que o compromisso de zerar o desmatamento até 2030 é uma missão formal do governo, conforme acordos internacionais, incluindo o Balanço Global aprovado na COP28. A Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil, apresentada na COP29, também reitera esse compromisso, que envolve a eliminação do desmatamento ilegal e a compensação pela supressão legal da vegetação nativa.

O MMA destacou que o plano de eliminação do desmatamento ilegal é um esforço conjunto de diversos ministérios e que já houve progressos, como a redução de 45,7% na taxa de desmatamento na Amazônia até julho de 2024, em comparação ao mesmo período de 2022. O ministério enfatizou que a continuidade e ampliação das ações são essenciais para alcançar a meta estabelecida.

Em um contexto de divergências políticas, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu que a agenda ambiental avança, apesar das dificuldades. Ela ressaltou que o governo está comprometido com a proteção ambiental e que a colaboração entre os ministérios é fundamental. Nesse cenário, a união da sociedade civil pode ser crucial para apoiar iniciativas que visem a preservação ambiental e a recuperação de áreas degradadas.

Folha de São Paulo
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