Agricultores em Parelheiros e jovens da Bahia se adaptam às mudanças climáticas, enquanto o "déficit de natureza" afeta a saúde de crianças e idosos. A luta por direitos e novas práticas agrícolas se intensifica.

As mudanças climáticas têm gerado impactos profundos em diversas áreas, afetando de maneira desigual diferentes gerações. Em Parelheiros, no extremo sul de São Paulo, agricultores familiares adaptaram suas práticas agrícolas devido ao calor excessivo e à chuva, substituindo o cultivo de hortaliças por frutas, que antes não eram viáveis na região. No sul da Bahia, jovens produtores de cacau estão adotando a agricultura orgânica como resposta à intensa seca que prejudicou a produção nos últimos anos.
A saúde da população também é afetada por essas transformações climáticas. O aumento da temperatura e da umidade do ar nas regiões costeiras torna os idosos mais suscetíveis a problemas como queda de pressão e desidratação. Por outro lado, crianças e adolescentes enfrentam o que especialistas chamam de "transtorno de déficit de natureza", que se refere aos impactos negativos na saúde física e mental devido à falta de contato com áreas verdes, especialmente em períodos de calor extremo.
Além disso, a vida urbana tem dificultado a preservação das tradições dos indígenas pankararus em São Paulo. A escassez de plantas nativas essenciais à confecção de trajes rituais ameaça práticas culturais na aldeia Brejo dos Padres, em Pernambuco. Enquanto isso, catadores de materiais recicláveis, que desempenham um papel importante na mitigação dos efeitos climáticos, enfrentam preconceito e baixa remuneração, com as mulheres liderando cooperativas e redes de reciclagem.
As formas de protesto contra as mudanças climáticas também estão se transformando. Jovens ativistas utilizam as redes sociais como principal ferramenta de conscientização, enquanto gerações mais velhas sentem falta da militância de rua e questionam a eficácia das novas tecnologias. O cenário revela uma divisão entre as abordagens de diferentes gerações, refletindo a necessidade de unir esforços para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.
As reportagens do especial "Gerações do Clima", produzido pela 69ª turma do Programa de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha, destacam os impactos das mudanças climáticas na vida da população. O projeto, patrocinado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e pela Philip Morris Brasil, busca sensibilizar a sociedade sobre a urgência de ações coletivas para mitigar esses efeitos e promover a sustentabilidade.
Neste contexto, a união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que visem a recuperação ambiental e a preservação cultural. Projetos que incentivem a agricultura sustentável e a proteção das tradições culturais merecem ser estimulados, pois podem fazer a diferença na vida de muitas pessoas afetadas pelas mudanças climáticas.

Estudo da PUC-Rio revela que fogões a lenha ecoeficientes reduzem em até 60% a poluição do ar em cozinhas, melhorando a saúde e diminuindo o consumo de lenha em comunidades rurais. A pesquisa destaca a importância de soluções sustentáveis para a transição energética.

A Aldeia Afukuri, do povo Kuikuro, lança em outubro uma nova rota de turismo sustentável com a Vivalá, promovendo vivências culturais e geração de renda para a comunidade. A iniciativa visa fortalecer a identidade e compartilhar saberes ancestrais.

Investimentos em adaptação climática podem gerar até US$ 10,5 em benefícios por cada dólar aplicado, segundo estudo do WRI. Projetos no Brasil, como o de Fortaleza, demonstram retornos significativos, mesmo sem desastres.

O Brasil se comprometeu a servir 30% de alimentos da agricultura familiar na COP 30, injetando R$ 3,3 milhões na economia local e promovendo práticas sustentáveis. Essa iniciativa destaca a importância da agroecologia e pode expandir a rede de comercialização para pequenos produtores.

O Índice de Democracia Ambiental (IDA) revela que os nove estados da Amazônia Legal enfrentam sérias lacunas na proteção de defensores ambientais, com Roraima obtendo a pior classificação. A pesquisa destaca a urgência de reformas para garantir direitos e segurança.

A Gruta de Kamukuwaká, sagrada para os Wauja, foi vandalizada, levando à criação de uma réplica e à luta por reconhecimento cultural e proteção territorial. A inauguração da réplica em Ulupuwene marca um passo importante na preservação da cultura indígena.