Mudanças climáticas no Brasil em 2024 intensificaram secas na Amazônia e enchentes no Sul, resultando em prejuízos de R$ 620 milhões e aumento nos preços de produtos como café e castanha. Comunidades vulneráveis enfrentam crises severas.

No último ano, as mudanças climáticas impactaram severamente o Brasil, com eventos extremos ocorrendo de norte a sul. Enquanto o Rio Grande do Sul enfrentou enchentes devastadoras, a Amazônia registrou uma seca histórica, afetando a produção de açaí e castanha e isolando comunidades ribeirinhas. Um estudo do Banco Mundial estima que esses eventos climáticos causaram perdas anuais de R$ 13 bilhões, representando 0,11% do PIB nacional. Além disso, a previsão é que até três milhões de brasileiros possam ser levados à pobreza extrema até 2030.
A seca na Amazônia afetou cerca de 770 mil pessoas, levando à declaração de situação de emergência em todos os municípios do estado. Os prejuízos, tanto públicos quanto privados, superaram R$ 620 milhões. José Marengo, coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), destacou que a seca compromete três áreas essenciais: a segurança hídrica, a segurança energética e a segurança alimentar. As regiões que não sofrem com a seca enfrentam problemas relacionados ao excesso de água.
Suely Araújo, do Observatório do Clima, ressaltou que os países do Sul Global, como o Brasil, têm mais dificuldades para lidar com os efeitos das crises climáticas. As comunidades mais vulneráveis, especialmente aquelas em áreas de risco, são as que mais sofrem. Histórias de pessoas impactadas por esses eventos extremos revelam a gravidade da situação. Cícero Bezerra de Melo, morador de Angra dos Reis, perdeu quase todos os seus bens em uma enchente, e a recuperação tem sido um desafio constante.
Na Amazônia, a seca de 2024 foi a pior já registrada, com o nível do Rio Madeira atingindo apenas 25 centímetros em Porto Velho. Essa situação dificultou o transporte de alimentos e produtos essenciais para comunidades remotas. Weliton Cabixi, da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, relatou que a seca comprometeu a produção local e a capacidade de escoamento, afetando diretamente a subsistência das famílias.
O impacto da seca também se refletiu no aumento dos preços de produtos agrícolas. O preço do café, por exemplo, subiu 82,24% em um ano, com a saca de cafés especiais passando de R$ 900 para R$ 3 mil. Daniel Langone, sócio da Presso Cafés, explicou que a baixa produtividade e os custos elevados têm pressionado o setor. A diversificação de produtos e serviços tem sido uma estratégia adotada para enfrentar a crise.
Além disso, o Brasil enfrentou uma temporada de incêndios florestais sem precedentes, com mais de 30,8 milhões de hectares queimados. Camila Ormonde, produtora rural no Pantanal, perdeu metade de sua propriedade devido ao fogo. Ela clama por apoio financeiro e renegociação de dívidas para recuperar sua produção. Em tempos de crise, a união da sociedade civil pode fazer a diferença na vida de quem mais precisa, oferecendo suporte e esperança para a recuperação das comunidades afetadas.

Estudo da Esalq-USP propõe a "distância mínima de corte" como critério para a exploração madeireira na Amazônia, visando preservar a diversidade genética das florestas. A pesquisa sugere que abordagens específicas para cada espécie são mais eficazes que as regras generalistas atuais, promovendo a polinização cruzada e a resiliência ambiental.

A aprovação do "PL da Devastação" pela Câmara gera forte reação de organizações ambientais, que pedem veto do presidente Lula, alertando para um retrocesso nas políticas de licenciamento ambiental. O projeto, que facilita o licenciamento para empreendimentos agropecuários e reduz a consulta a órgãos como Ibama, é considerado um golpe na proteção ambiental e na justiça climática.
Em 2023, o Dia da Sobrecarga da Terra foi antecipado para 24 de julho, evidenciando o consumo excessivo de recursos naturais e a desigualdade entre o Norte e o Sul Global. Países ricos consomem à custa do futuro.

O Brazil Climate Summit NYC 2025, agendado para 19 de setembro na Universidade de Columbia, reunirá líderes para discutir a transição para uma economia de baixo carbono e cadeias de suprimentos resilientes. O evento, que destaca o investimento de R$ 225 bilhões em energia renovável no Brasil, visa posicionar o país como um parceiro confiável em um cenário global desafiador.

Estudos recentes revelam que a ingestão semanal de microplásticos pode variar de 0,1 a 5 gramas, com impactos significativos na saúde, como aumento do estresse oxidativo e risco cardiovascular elevado. A conscientização e a mudança de hábitos são essenciais.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, criticou a alta dos preços de hospedagem em Belém para a COP-30, chamando a situação de "extorsão", enquanto elogiou os vetos de Lula ao projeto de licenciamento ambiental.