Saúde e Ciência

Novo medicamento injetável lenacapavir promete revolucionar a prevenção do HIV com apenas duas doses anuais

O lenacapavir, novo medicamento injetável aprovado pela FDA e recomendado pela OMS, oferece proteção contra o HIV com apenas duas doses anuais, com eficácia superior a 99%. A Anvisa analisa pedidos de registro.

Atualizado em
July 30, 2025
Clock Icon
4
min

A luta contra o HIV, causador da Aids, recebeu um importante avanço com a aprovação do lenacapavir, um novo medicamento injetável. Com apenas duas doses anuais, ele oferece uma alternativa eficaz à profilaxia pré-exposição (PrEP) oral, que requer uso diário. Desenvolvido pela Gilead Sciences, o lenacapavir foi inicialmente aprovado pela FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) para tratar casos de HIV multirresistentes e agora se destaca como uma opção preventiva.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já recomendou o uso do lenacapavir, ressaltando sua eficácia superior a 99% e a conveniência de aplicações semestrais. Embora ainda não esteja disponível no Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está analisando dois pedidos de registro com prioridade, o que pode acelerar sua introdução no país.

O funcionamento do lenacapavir é distinto dos antirretrovirais tradicionais. Ele bloqueia a formação do capsídeo viral, uma estrutura que protege o RNA do HIV, impedindo sua replicação e, consequentemente, a infecção. A aplicação é feita por injeção subcutânea, geralmente no abdômen, e a substância é liberada lentamente ao longo de seis meses, garantindo proteção contínua.

Estudos clínicos de fase três, como os realizados nos projetos PURPOSE 1 e PURPOSE 2, mostraram resultados impressionantes. No PURPOSE 1, com mais de duas mil mulheres na África Subsaariana, não houve infecções entre as participantes que receberam o medicamento. No PURPOSE 2, que envolveu mais de duas mil pessoas em vários países, incluindo o Brasil, apenas dois casos de infecção foram registrados, indicando uma eficácia de 99,9%.

Atualmente, a principal forma de PrEP disponível no Brasil é a oral, oferecida gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Embora eficaz, a adesão pode ser desafiadora devido à necessidade de uso diário. O lenacapavir surge como uma solução para esse problema, oferecendo alta eficácia e baixa frequência de aplicação. O cabotegravir, outra opção injetável já aprovada, exige aplicações bimestrais, o que ainda demanda mais visitas ao serviço de saúde.

Apesar dos avanços, o lenacapavir enfrenta desafios, principalmente em relação ao custo, que pode chegar a cerca de US$ 25 mil por ano nos Estados Unidos. Organizações como o Unaids e a OMS têm pressionado a Gilead para permitir a produção de versões genéricas e ampliar o acesso global. A expectativa é que, com a recomendação da OMS e os resultados positivos dos estudos clínicos, o lenacapavir seja incorporado aos programas nacionais de prevenção, destacando a importância da união da sociedade para apoiar iniciativas que promovam o acesso a tratamentos eficazes.

Catraca Livre
Quero ajudar

Leia mais

Nemolizumabe mostra eficácia no alívio do prurido em diversas condições clínicas além das aprovadas pela FDA
Saúde e Ciência
Clock Icon
3
min
Nemolizumabe mostra eficácia no alívio do prurido em diversas condições clínicas além das aprovadas pela FDA
News Card

Nemolizumabe, aprovado pela FDA em 2024, mostra eficácia no alívio do prurido em diversas condições além da dermatite atópica e prurigo nodular, com pacientes relatando melhora significativa após anos de tratamento sem sucesso. A Dra. Jenny Murase destaca a importância de avaliar causas subjacentes antes da prescrição, já que muitos pacientes têm doenças que podem ser diagnosticadas.

Brasil avança com a SpiN-TEC, vacina 100% nacional contra a Covid-19, rumo à fase final de testes clínicos
Saúde e Ciência
Clock Icon
4
min
Brasil avança com a SpiN-TEC, vacina 100% nacional contra a Covid-19, rumo à fase final de testes clínicos
News Card

Os testes da vacina SpiN-TEC, desenvolvida pelo CTVacinas da UFMG, mostraram segurança e eficácia na fase 2, com a fase 3 prevista para 2026 e possível liberação em 2028. A vacina promete ser um avanço significativo na imunização contra a Covid-19 no Brasil.

São Paulo registra aumento alarmante de casos de febre oropouche, com 44 confirmações em 2025
Saúde e Ciência
Clock Icon
4
min
São Paulo registra aumento alarmante de casos de febre oropouche, com 44 confirmações em 2025
News Card

São Paulo registrou um aumento alarmante de 450% nos casos de febre oropouche em 2024, com 44 confirmações até agora. O Rio de Janeiro também reportou mortes, enquanto o Brasil soma 10.076 casos.

Gastos do Ministério da Saúde com medicamentos judiciais chegam a R$ 2,73 bilhões em 2024 e preocupam governo
Saúde e Ciência
Clock Icon
3
min
Gastos do Ministério da Saúde com medicamentos judiciais chegam a R$ 2,73 bilhões em 2024 e preocupam governo
News Card

Despesas do Ministério da Saúde com medicamentos por ordens judiciais atingem R$ 2,73 bilhões em 2024, com preocupações sobre novos tratamentos, como o Elevidys, e a judicialização crescente. O governo busca alternativas para controlar gastos, mas enfrenta desafios com a judicialização e a necessidade de acesso a terapias caras e experimentais.

Gilberto Gil homenageia a filha Preta Gil durante turnê de despedida enquanto ela enfrenta tratamento contra câncer
Saúde e Ciência
Clock Icon
3
min
Gilberto Gil homenageia a filha Preta Gil durante turnê de despedida enquanto ela enfrenta tratamento contra câncer
News Card

Gilberto Gil, em turnê de despedida, acompanha a filha Preta Gil, internada com câncer colorretal. Ela considera tratamento experimental nos EUA, dependendo de avaliações médicas.

Unidades de transição de cuidados enfrentam desafios e revelam necessidade de expansão no Brasil
Saúde e Ciência
Clock Icon
4
min
Unidades de transição de cuidados enfrentam desafios e revelam necessidade de expansão no Brasil
News Card

ABRAHCT revela mapeamento das Unidades de Transição de Cuidados, com apenas 32% da demanda atendida. A Associação Brasileira de Hospitais e Clínicas de Transição (ABRAHCT) divulgou um estudo inédito sobre as Unidades de Transição de Cuidados (UTCs) no Brasil, revelando a existência de 2.573 leitos, sendo apenas 181 destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento destaca a concentração desses serviços em regiões mais desenvolvidas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e aponta uma cobertura de apenas 32% da demanda potencial. O setor, que movimenta R$ 41 milhões mensais e emprega mais de 4,7 mil profissionais, enfrenta desafios como a falta de integração entre os níveis de atenção à saúde e a escassez de profissionais especializados. A ABRAHCT propõe a criação de modelos de remuneração baseados em desempenho e a articulação de políticas públicas para melhorar a situação.