Jan Jarab, representante da ONU, critica o projeto de lei que afrouxa o licenciamento ambiental, afirmando que ele prejudica direitos humanos e agrava a vulnerabilidade de indígenas e quilombolas. A proposta, já aprovada pelo Senado, pode resultar em retrocessos significativos na proteção ambiental e nos direitos das populações afetadas.

O projeto de lei que flexibiliza as regras do licenciamento ambiental, já aprovado pelo Senado e em tramitação na Câmara dos Deputados, tem gerado preocupações significativas. Jan Jarab, representante da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos na América do Sul, expressou críticas contundentes ao texto, afirmando que ele representa um retrocesso nos direitos humanos e no meio ambiente, especialmente para populações vulneráveis, como indígenas e quilombolas.
Em entrevista ao GLOBO, Jarab destacou que o projeto pode agravar a situação de vulnerabilidade dessas comunidades, que já enfrentam desigualdades profundas. Ele mencionou que a proposta permite que diversos projetos obtenham licenciamento ambiental apenas com uma autodeclaração, o que pode eliminar salvaguardas essenciais para a proteção ambiental.
O alto-comissariado da ONU também apoiou uma carta enviada ao governo brasileiro, assinada por três relatorias especiais e grupos de trabalho, que expressa preocupações sobre os impactos sociais e ambientais do projeto. Jarab enfatizou a importância de que mecanismos internacionais se pronunciem sobre questões que envolvem direitos humanos e meio ambiente, pois são formados por especialistas que interpretam as obrigações dos Estados conforme tratados internacionais.
Além disso, Jarab comentou sobre a hostilidade enfrentada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante uma audiência no Senado, afirmando que esse tipo de tratamento não deve ser aceito em um ambiente democrático. Ele ressaltou que a redução da participação de instituições como a Fundação Nacional do Índio (Funai) no processo de licenciamento é preocupante, pois compromete a proteção dos direitos da população indígena.
O representante da ONU também se posicionou contra a tese do marco temporal, que limita os direitos territoriais dos povos indígenas, e elogiou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de rejeitar essa tese em 2023. Jarab alertou que a incerteza atual sobre a situação dos territórios indígenas pode aumentar tensões e conflitos, contribuindo para a violência contra essas populações.
Em um contexto onde a política carcerária e a letalidade policial também foram abordadas, Jarab destacou que a situação das prisões no Brasil é crônica e não atende aos padrões internacionais. Ele defendeu a necessidade de uma abordagem que promova a reabilitação social, em vez de uma visão punitiva. Em meio a essas questões, a união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que busquem justiça e proteção para os mais vulneráveis.

Agricultores em Parelheiros e jovens da Bahia se adaptam às mudanças climáticas, enquanto o "déficit de natureza" afeta a saúde de crianças e idosos. A luta por direitos e novas práticas agrícolas se intensifica.

Artistas e influenciadores se uniram no Rio de Janeiro para defender o meio ambiente e os direitos indígenas, destacando a urgência de combater o "PL da Devastação" e a PEC 48/2023. O evento, que contou com a presença de figuras como Marina Silva e Sonia Guajajara, visa mobilizar a sociedade contra retrocessos nas políticas socioambientais.

Um estudo do Imazon revela que as dez cidades com a pior qualidade de vida do Brasil estão na Amazônia Legal, com Uiramutã, em Roraima, liderando o ranking negativo. A pesquisa destaca a fragilidade social e ambiental da região.

Pescadores de Magé revitalizaram a Baía de Guanabara ao replantar manguezais, criando o Parque Natural Municipal Barão de Mauá, um exemplo de recuperação ambiental e educação. Após o desastre de 2000, a comunidade se uniu para restaurar o ecossistema, promovendo biodiversidade e renda local. O parque, com 113,7 hectares, agora abriga mais de cem espécies e é um modelo de resistência.

Mauro Lúcio, presidente da Acripará, destacou que a especulação imobiliária rural é a principal responsável pelo desmatamento na Amazônia, não a agropecuária. Ele defendeu a produção sustentável e criticou a falta de fiscalização na regularização fundiária.

Indígenas Kayapó e Panará protestam em Brasília contra a Ferrogrão, destacando a falta de diálogo com autoridades e sua exclusão do Grupo de Trabalho sobre o projeto, que ameaça seus territórios.