O comércio de couro de pirarucu, promovido como sustentável, gera lucros desiguais, com pescadores locais sem reconhecimento e enfrentando contrabando. A indústria da moda e autoridades apoiam, mas desafios persistem.
O uso do couro de pirarucu, um peixe da Amazônia, tem ganhado destaque na indústria da moda como uma alternativa sustentável. Após ser considerado ameaçado, o manejo da espécie foi regulamentado, permitindo sua pesca controlada. Marcas como Osklen e Piper & Skye promovem a ideia de que essa prática gera renda para comunidades locais e ajuda na preservação ambiental. Contudo, especialistas e representantes das comunidades afirmam que a maior parte dos lucros não chega aos pescadores, que enfrentam dificuldades financeiras.
O pescador e vice-presidente da Federação dos Manejadores e Manejadoras de Pirarucu de Mamirauá, Pedro Canízio, expressou sua surpresa ao ver o preço elevado de produtos de luxo feitos com couro de pirarucu. Ele destacou que o quilo do peixe é vendido a apenas R$ 11, o que torna impossível para os pescadores adquirirem esses itens. A consultora Fernanda Alvarenga, que estudou o mercado do couro, afirmou que a maioria das relações na cadeia produtiva é problemática, e que o manejo do pirarucu é uma das poucas atividades econômicas que traz benefícios socioambientais.
As empresas do setor reconhecem os desafios e afirmam que buscam fortalecer as comunidades envolvidas. O couro do pirarucu é valorizado por sua durabilidade e por sua conexão cultural com as comunidades ribeirinhas. Novas marcas têm surgido, focando em modelos de negócios que priorizam a sustentabilidade. O manejo do pirarucu, que permite a captura de apenas trinta por cento dos adultos, é controlado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e as comunidades são responsáveis pela vigilância dos lagos.
Após a captura, a maior parte do pirarucu é enviada para frigoríficos, onde a carne e a pele são separadas. A pesquisa da Operação Amazônia Nativa revelou que apenas cinco por cento das peles são comercializadas por associações comunitárias, enquanto a Nova Kaeru domina o mercado, controlando setenta por cento das exportações. A empresa, que fornece para marcas de luxo, destaca que a complexidade do processamento do couro dificulta a implementação desse trabalho nas comunidades.
José Leal Marques, diretor comercial da Nova Kaeru, afirmou que a empresa investe na capacitação das comunidades e que o preço pago pelo couro é superior ao da carne, representando um ganho real para os manejadores. No entanto, a falta de concorrência e a demora nos pagamentos são preocupações levantadas por representantes de organizações que apoiam os pescadores. A fiscalização do Ibama enfrenta dificuldades, com um número insuficiente de fiscais para combater a pesca ilegal e o contrabando do pirarucu.
A situação do manejo do pirarucu ilustra a necessidade de um olhar mais atento sobre as relações comerciais e a valorização dos pescadores. A criação de iniciativas que fortaleçam as comunidades e garantam uma distribuição justa dos lucros é essencial. A união da sociedade civil pode ser um passo importante para apoiar esses esforços e garantir que as comunidades ribeirinhas sejam reconhecidas e beneficiadas por suas contribuições à conservação ambiental.
Censo revela que 11,8 milhões de pessoas residem em Unidades de Conservação no Brasil, com 131 mil em áreas onde a habitação é proibida, destacando a complexidade das ocupações e precariedades enfrentadas. A maioria é parda, com aumento de quilombolas e indígenas, evidenciando conflitos entre políticas ambientais e regularização fundiária.
Pesquisadores do Projeto Mangues da Amazônia utilizam genética avançada para reflorestar manguezais no Pará, visando recuperar 40 hectares até 2025. A iniciativa integra ciência e comunidades locais, promovendo a conservação ambiental.
O Ministério Público Federal (MPF) no Pará ajuizou ação para barrar leilão de petróleo da ANP, agendado para 17 de outubro, devido à ausência de estudos socioambientais adequados. O MPF exige avaliação de impacto climático e consulta a comunidades tradicionais.
O Programa Amazônia Azul expande seu público-alvo para incluir quilombolas, ribeirinhos e trabalhadores da economia do mar, visando promover inclusão e desenvolvimento sustentável. A iniciativa, discutida em reunião interministerial, busca reduzir desigualdades sociais e ambientais nas comunidades costeiras, fortalecendo cadeias produtivas e ampliando o acesso a políticas públicas.
Alice Pataxó, ativista indígena, destacou a crise climática e seus planos para a COP 30 em Belém durante o Power Trip Summit, enfatizando a comunicação acessível entre povos indígenas. Ela acredita que o futuro é construível e que a conferência pode ampliar o debate ambiental.
O Complexo Pequeno Príncipe, em Curitiba, é o primeiro hospital brasileiro a adquirir créditos de biodiversidade, investindo US$ 15 mil em ações de conservação ambiental. A iniciativa marca um avanço significativo na integração entre saúde e sustentabilidade.