Meio Ambiente

Pesquisadores brasileiros criam argila cerâmica leve utilizando algas sargaço para reduzir impactos ambientais

Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma argila cerâmica leve com sargaço, oferecendo uma solução sustentável para o acúmulo dessa alga nas praias e melhorando a eficiência energética na construção civil. A pesquisa, coordenada por João Adriano Rossignolo da Universidade de São Paulo (USP), demonstrou que a adição de sargaço reduz a densidade do material e melhora o desempenho ambiental, apresentando uma alternativa viável para mitigar os impactos negativos dessa biomassa.

Atualizado em
August 4, 2025
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Algas marrons têm se deslocado em grandes quantidades para praias da região Norte brasileira, do Caribe e dos Estados Unidos (foto: João Adriano Rossignolo/FZEA-USP)

Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma nova argila cerâmica leve, incorporando algas do gênero Sargassum, que têm se acumulado em grandes quantidades nas praias do Caribe e da região Norte do Brasil. Essa inovação busca solucionar problemas ambientais causados pela decomposição do sargaço, que emite gases nocivos à saúde e prejudica o turismo e a biodiversidade local. O professor João Adriano Rossignolo, da Universidade de São Paulo (USP), coordenou o estudo em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

A pesquisa utilizou sargaço em proporções de 20% e 40%, além de uma amostra de controle com 0%. As argilas foram moldadas e sinterizadas a temperaturas de 800 °C, 900 °C e 1.000 °C, tanto em fornos convencionais quanto em fornos de micro-ondas. Os testes avaliaram a absorção de água, porosidade e resistência à compressão dos materiais. Os resultados foram publicados no Journal of Materials in Civil Engineering.

Os dados indicaram que a adição de sargaço reduziu a densidade aparente dos agregados, especialmente na concentração de 40%. Contudo, apenas os materiais sinterizados em forno de micro-ondas atenderam aos requisitos de resistência em todas as temperaturas testadas. Além disso, as versões com sargaço mostraram melhor desempenho ambiental em comparação à argila expandida convencional.

Os pesquisadores concluíram que os agregados de argila cerâmica leve com sargaço sinterizado em forno de micro-ondas são uma alternativa viável para mitigar os problemas causados pelo acúmulo de algas nas praias. Essa solução também promove um consumo reduzido de recursos naturais e maior eficiência energética. O estudo também explorou a viabilidade do uso do sargaço na produção de painéis particulados e telhas de fibrocimento.

Os resultados foram promissores, com a possibilidade de usar até 30% de sargaço nos painéis e substituir totalmente o calcário por suas cinzas, mantendo a conformidade com as normas vigentes. Essa abordagem não apenas melhora a durabilidade dos materiais, mas também oferece uma solução sustentável para um problema ambiental significativo.

Iniciativas como essa podem ser estimuladas pela sociedade civil, promovendo a pesquisa e o desenvolvimento de soluções sustentáveis. O apoio a projetos que busquem aproveitar recursos naturais de forma inovadora pode fazer a diferença na preservação do meio ambiente e na construção civil.

Agência FAPESP
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