Saúde e Ciência

Pesquisadores da USP revelam tratamento promissor para déficits respiratórios em pacientes com Parkinson

Pesquisadores da USP revelam que a estimulação cerebral pode reverter falhas respiratórias em camundongos com Parkinson. O estudo, publicado na revista iScience, destaca a relação entre problemas respiratórios e a qualidade de vida dos pacientes. A pesquisa, liderada pela professora Ana Carolina Takakura, identificou que as complicações respiratórias ocorrem principalmente durante o sono, afetando cerca de setenta por cento dos pacientes. A estimulação do núcleo tegmental látero-dorsal demonstrou potencial terapêutico, abrindo novas perspectivas para tratamentos futuros.

Atualizado em
April 24, 2025
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Em indivíduos com Parkinson ocorre a degeneração de alguns núcleos específicos que controlam a respiração (imagem: Freepik*)

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) identificaram uma nova abordagem para tratar problemas respiratórios em pacientes com doença de Parkinson. Esses sintomas, frequentemente negligenciados, podem resultar em complicações graves, como pneumonia e morte. O estudo, publicado na revista iScience, revelou que a estimulação seletiva de um núcleo cerebral pode reverter falhas respiratórias em camundongos, oferecendo novas perspectivas terapêuticas.

A professora Ana Carolina Takakura, coordenadora da pesquisa, destacou que as complicações respiratórias geralmente surgem em estágios avançados da doença, impactando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. A pesquisa focou em entender quando essas alterações ocorrem e se podem ser revertidas. Os resultados mostraram que os problemas respiratórios se manifestam exclusivamente durante o sono, um aspecto que ainda carece de tratamento eficaz.

O estudo foi conduzido pelo Laboratório Controle Neural Cardiorrespiratório do ICB-USP, que há mais de dez anos investiga as questões respiratórias associadas ao Parkinson. A pesquisa revelou que apneias respiratórias afetam cerca de setenta por cento dos pacientes, e a relação entre essas apneias e o sono foi uma descoberta crucial. A equipe conseguiu estabelecer que as alterações respiratórias são mais pronunciadas durante o sono, o que abre novas possibilidades para intervenções terapêuticas.

Os pesquisadores mapearam as fases do sono dos camundongos e observaram suas respirações, diferenciando entre sono REM (movimento rápido dos olhos) e não REM. A análise revelou que as apneias eram mais frequentes durante o sono. Com essas informações, a equipe decidiu investigar a estimulação de um núcleo cerebral específico, o núcleo tegmental látero-dorsal (LDT), que está associado tanto ao sono quanto à respiração.

Utilizando um método chamado quimiogenética, os cientistas injetaram um vírus no núcleo LDT, permitindo que neurônios específicos fossem estimulados. A aplicação de um fármaco que se liga exclusivamente a esses neurônios resultou na reversão das alterações respiratórias e na redução das apneias. Embora o LDT também sofra perda de neurônios devido à doença, a estimulação dos neurônios remanescentes foi suficiente para melhorar a função respiratória.

O próximo passo da pesquisa é avaliar a segurança e eficácia do metabólito clozapina-N-oxide (CNO) em humanos. Atualmente, a estimulação cerebral profunda é uma opção para tratar os sintomas motores do Parkinson, mas não aborda as complicações respiratórias. A professora Takakura planeja colaborar com o Instituto do Coração (InCor) e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC-FMUSP) para caracterizar as alterações do sono em humanos. A união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que busquem soluções para esses desafios.

Agência FAPESP
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