Meio Ambiente

Porto Alegre enfrenta desafios na reconstrução de diques após enchente que afetou 160 mil pessoas

Um ano após a enchente que afetou 160 mil pessoas em Porto Alegre, as obras de reconstrução dos diques estão paralisadas por questões judiciais sobre a remoção de famílias, sem soluções definitivas à vista.

Atualizado em
May 2, 2025
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Demolição de casas vizinhas ao dique do Sarandi, rompido durante a enchente, foi paralisada pela Justiça - Carlos Macedo - 15.abr.2025/Folhapress

Um ano após a enchente que afetou 160 mil pessoas em Porto Alegre, a cidade ainda enfrenta desafios relacionados a vulnerabilidades climáticas. As obras de reconstrução do sistema de proteção contra cheias estão em andamento, mas a situação permanece crítica. O sistema, que inclui 68 quilômetros de diques, 2,6 quilômetros de muros e 14 comportas, falhou em maio de 2024, quando o nível do lago Guaíba atingiu 5,35 metros, evidenciando a necessidade urgente de melhorias.

As obras nos diques do Sarandi e da Fiergs são consideradas prioritárias, pois tiveram pontos de rompimento que aceleraram a inundação do bairro Sarandi, afetando mais de 26 mil moradores. Iniciadas em agosto de 2024, as obras visam reforçar e elevar a altura dos diques para 5,8 metros. Enquanto a reforma do dique da Fiergs está na fase final, a do Sarandi está paralisada devido a questões judiciais relacionadas à remoção de 57 famílias que residem nas proximidades.

A Justiça suspendeu a demolição das casas, alegando que o plano de remoção não assegura condições dignas de moradia. A Procuradoria-Geral do Município tenta reverter a decisão, afirmando que foram oferecidos novos imóveis e um auxílio de R$ 1 mil para as famílias afetadas. A prefeitura já iniciou a remoção das famílias que aceitaram o acordo, enquanto discute a situação das demais.

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informou que já investiu mais de R$ 240 milhões em ações de reconstrução e na isenção de tarifas de água e esgoto para os moradores afetados. Além das obras de recomposição, um estudo está em andamento para elevar os diques a uma cota de sete metros, conforme o projeto original da década de 60. Um novo sistema de proteção está sendo planejado pela Rhama Analysis, com conclusão prevista para 2026.

Recentemente, a prefeitura anunciou um investimento de R$ 11 milhões em novas intervenções no sistema de comportas, que falharam em bloquear a água do lago Guaíba. O fechamento definitivo de sete passagens visa reduzir a possibilidade de infiltrações em futuras cheias. A reforma do Muro da Mauá, que separa o Centro Histórico de Porto Alegre do lago, também está em andamento, com base em um relatório preliminar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Nesta situação, a união da sociedade civil pode fazer a diferença para ajudar aqueles que ainda enfrentam as consequências das enchentes. Projetos que visem apoiar as famílias afetadas e promover melhorias na infraestrutura são essenciais para garantir um futuro mais seguro e resiliente para Porto Alegre.

Folha de São Paulo
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