Meio Ambiente

Representantes de 184 países falham em consenso para o primeiro tratado global sobre poluição plástica

Representantes de 184 países não conseguiram um consenso sobre o tratado de poluição plástica em Genebra, refletindo a divisão entre nações produtoras de petróleo e aquelas que buscam restrições. Após 11 dias de negociações, o impasse foi considerado um revés, mas alguns países veem isso como um novo começo. A proposta de limitar a produção de plásticos e controlar produtos químicos tóxicos foi rejeitada por nações que defendem apenas regras de reciclagem. A crise da poluição plástica continua a exigir uma resposta global coordenada.

Atualizado em
August 16, 2025
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Lixo plástico acumulado em área de manguezal na Baía do Panamá, na Cidade do Panamá, em 6 de dezembro de 2024. — Foto: Enea Lebrun/Reuters.

Após onze dias de intensas negociações em Genebra, representantes de cento e oitenta e quatro países não conseguiram firmar um tratado para combater a poluição plástica. As discussões, que se estenderam até as primeiras horas de sexta-feira, 15 de agosto, terminaram sem consenso. O negociador da Noruega declarou: "Não teremos um tratado para acabar com a poluição plástica aqui em Genebra." O impasse se deu principalmente em torno da proposta de reduzir a produção global de plástico e estabelecer controles legais sobre produtos químicos tóxicos.

A coalizão que defende a restrição inclui a União Europeia, Reino Unido, Canadá e diversas nações africanas e latino-americanas. Atualmente, cento e quarenta países já implementam algum tipo de restrição ao uso de plásticos, especialmente os descartáveis. No entanto, países produtores de petróleo e gás se opõem a limites na indústria, sugerindo que o tratado deve focar em reciclagem e gestão de resíduos, uma abordagem criticada por especialistas.

O último rascunho do tratado, que foi rejeitado, não incluía a restrição à fabricação, mas reconhecia que os níveis atuais de produção e consumo de plástico são "insustentáveis." Um trecho adicional afirmava que esses níveis superam as capacidades de gestão de resíduos e requerem uma resposta global coordenada. A falta de um escopo acordado foi um ponto de discórdia, com o negociador do Kuwait alertando sobre os riscos de um processo sem direção.

A delegação da China considerou o colapso das negociações um revés temporário, comparando a luta contra a poluição plástica a uma maratona. O representante de Cuba enfatizou a urgência de um tratado, afirmando que "perdemos uma oportunidade histórica." A comissária europeia Jessika Roswall, embora reconhecendo as limitações do rascunho, acredita que ele pode servir como base para futuras negociações.

As negociações em Genebra foram vistas como a última chance para um tratado juridicamente vinculante sobre poluição plástica, após tentativas semelhantes no ano anterior na Coreia do Sul que também não resultaram em acordo. Pequenos Estados insulares expressaram frustração com a falta de progresso, enquanto alguns países defendem a necessidade de unanimidade para um tratado eficaz, enquanto outros propõem decisões por votação.

Inger Andersen, diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, destacou que, apesar dos desafios, avanços significativos foram feitos. A produção de plástico global ultrapassa quatrocentas milhões de toneladas anualmente, com a previsão de crescimento de setenta por cento até dois mil e quarenta. Em meio a essa crise, é essencial que a sociedade civil se una para apoiar iniciativas que visem mitigar os impactos da poluição plástica e promover soluções sustentáveis.

G1 - Meio Ambiente
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