Em 2024, a violência contra indígenas no Brasil aumentou, com mais de 211 assassinatos, incluindo a líder Maria de Fátima Muniz, e um crescimento de 15,5% nos suicídios entre jovens. O contexto de insegurança e desumanização se agrava com a nova Lei do Marco Temporal.
Em janeiro de 2024, a líder indígena Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó Hã-Hã-Hãe, foi assassinada durante um ataque de fazendeiros em Potiraguá, na Bahia. Este trágico evento é parte de um contexto alarmante, onde mais de 211 indígenas foram mortos ao longo do ano, conforme o relatório "Violência contra povos indígenas no Brasil", divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O documento revela um aumento de 3,1% nos casos de violência contra indígenas, que passaram de 411 para 424.
A nova Lei do Marco Temporal, que restringe a demarcação de terras indígenas, é apontada como um fator que intensificou a insegurança e os conflitos. O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) afirmou que a aplicação da lei está sendo analisada caso a caso, mas não suspendeu processos de demarcação. Entretanto, a realidade mostra que os assassinatos estão concentrados em estados como Roraima, Mato Grosso do Sul e Amazonas, refletindo uma crise de direitos territoriais.
Além dos assassinatos, o relatório destaca um aumento de 15,5% nos suicídios entre indígenas, com 208 casos registrados em 2024. A maioria das vítimas está na faixa etária de até 29 anos. Especialistas, como Roberto Liebgott, afirmam que a falta de perspectivas e o aumento da violência e do racismo contribuem para essa tragédia. A urbanização também impacta negativamente a identidade e o modo de vida dos povos indígenas.
A tese do marco temporal, que limita o reconhecimento de terras indígenas, foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro de 2023. Contudo, o Congresso Nacional rapidamente aprovou a lei, que foi vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas teve o veto derrubado. O Cimi considera essa ação uma ofensiva contra os direitos indígenas, que resultou em um aumento da violência e das tensões territoriais.
O relatório também aponta que cerca de dois terços das terras indígenas em conflito ainda não estão regularizadas. Mesmo áreas formalmente reconhecidas enfrentam invasões e exploração ilegal de recursos. A violência patrimonial, embora tenha caído 2,7% em relação a 2023, ainda totaliza 1.241 casos. As comunidades indígenas, em busca de garantir seus direitos, enfrentam ataques violentos de fazendeiros e jagunços, frequentemente com a conivência de forças policiais.
Além disso, a crise climática agrava a situação das comunidades indígenas, que já enfrentam vulnerabilidade. As enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas na Amazônia e no Pantanal evidenciam a falta de proteção estatal. Em um cenário tão crítico, a união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que visem a proteção e a valorização dos direitos dos povos indígenas, promovendo a esperança e a dignidade em suas comunidades.
O documentário ‘Mãe Terra’, de Betse de Paula, destaca a luta de lideranças indígenas por direitos territoriais e preservação ambiental, com estreia prevista para o segundo semestre de 2024. A produção, que conta com mais de 50 horas de gravação, inclui entrevistas com Sonia Guajajara e Joenia Wapichana, além de retratar a história de figuras como Tuíre Kaiapó. A obra é um chamado urgente para reconhecer a importância das vozes femininas indígenas na proteção da floresta e da humanidade.
MPF prorroga investigação sobre exploração de petróleo em Oiapoque, Amapá. O Ministério Público Federal recomenda que a Petrobras inclua Macapá, Bailique e Santana na área de influência do projeto, devido a riscos à pesca artesanal e direitos indígenas.
Iniciativas de maricultura na Ilha Grande revitalizam a produção de vieiras e ostras, com jovens locais aprendendo técnicas de cultivo e promovendo turismo comunitário. A esperança de recuperação econômica cresce.
Após dois anos de emergência humanitária na Terra Indígena Yanomami, a operação contra o garimpo reduziu a atividade ilegal em 96,5%, mas a malária aumentou 10%. O número de mortes indígenas caiu 21% em 2024, refletindo dados de anos anteriores.
O Governo Federal, por meio do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), destinará R$ 150 milhões para novos editais do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRSX). A iniciativa visa promover o desenvolvimento sustentável no Pará, focando na inclusão social e valorização da biodiversidade, beneficiando diretamente as comunidades locais.
Projeto Conexão Kayapó, da Comerc Energia, leva energia solar a 18 aldeias no sul do Pará, beneficiando 1,5 mil pessoas e fortalecendo a vigilância ambiental. A iniciativa visa melhorar a qualidade de vida e a produção artesanal da comunidade.